Insuportável Cia. de Teatro



QUEM SOMOS







Em fevereiro de 2016, um grupo de professores se encontraram com um sonho: criar um grupo de teatro de estudantes no IFMG Ouro Branco. Tínhamos muitas inseguranças, todos nós tínhamos as artes cênicas em nossos caminhos pessoais, mas nenhum de nós era profissional da área. Apenas, atores amadores, numa escola técnica, cinza e sem cor. No entanto, persistimos. Como escreve Guimarães Rosa: "Todo abismo é navegável a barquinhos de papel." A "Insuportável Cia. Teatral" já existe há mais de quatro anos e conta com resultados importantes como montagens diversas apresentadas a públicos variados. Em outro flanco, a cia. foi contemplada com uma oficina de Produção Cultural ministrada pela Cia. teatral belorizontina Luna Lunera em setembro de 2016, curso de grande auxílio para pensarmos toda a organização do espetáculo teatral: dos ensaios aos dias de apresentação, da iluminação ao figurino.





Além disso, no mesmo ano a cia. consolidou importante parceria com a Insólita Casa de Artes através de uma oficina-montagem que culminou na apresentação da peça Sabatina, de Ildeu Ferreira, em 2016 e 2017, contando com um público de mais de 400 pessoas da cidade e região. Ainda em 2017, dois esquetes teatrais, de autoria coletiva do grupo, intitulados A ceia sã e Casa de papel, bonecas de pano que abordam temas como sexualidade, abuso de drogas, violência doméstica, entre outros assuntos presentes na vida de jovens e adolescentes, foram representadas em quatro escolas da cidade, contando também com centenas de estudantes espectadores. Em 2018 e 2019, o grupo se voltou para o processo de pesquisa da memória da artista Maria Lysia Corrêa de Araújo e compôs também coletivamente a montagem da peça Quem garante?, principal obra teatral da escritora. Em 2020, estamos em reorganização do grupo, ainda em construção existencial perante nossa vida artística.

INSUPORTÁVEIS





HELENIARA A. MOURA

Professora de Literatura, atuou nas montagens do grupo em 2016, 2018 e 2019. Trabalha há mais de 15 anos com a biografia de atores e artistas. Pertenceu a grupos de pesquisa na área de artes cênicas, sendo mais experiente no campo teórico. Entretanto, gosta mesmo é de jogos teatrais, especialmente, os da Viola Spolin.





FABRICIO M. DE OLIVEIRA

Professor de Química, trabalha na área de desenvolvimento de fármacos e agroquímicos, e desenvolve projetos na área de sustentabilidade e educação ambiental. Atuou nas montagens do grupo em 2016, 2018 e 2019, se envolvendo com as atividades da Cia por amor à arte teatral.





RODRIGO B. TEIXEIRA

Professor de biologia para o técnico integrado e Arte e Dramaturgia para o curso de Pedagogia, atuou nas montagens do grupo em 2016, 2018 e 2019. Cursou o CEFAR, curso técnico de teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Considera as artes cênicas uma expressão completa. Cruzeirense irremediável.





ALOÍSIO ELÓI

SOu professor de Física. E tenho uma paixão avassaladora com Arte. Daí quando, em 2017, Fabricio, Helê e Rodrigo me chamaram para a Insuportável: foi muitovérigúdi!





TONINHO COSTA

Professor de física para cursos integrado, pedagogia e engenharia. Doutorando na área de pesquisa em educação e ensino de Ciências. Atua também como músico multiinstrumentista, compositor e produtor musical.




ANA LUISA DA SILVA SANTOS
ANGELO MAGNO
TAMIRIS LANA MOREALE

Estudantes pesquisadoras e professor que atuaram no projeto de organização do Acervo Maria Lysia Corrêa de Araújo entre 2018 e 2019, projeto que propiciou a montagem da peça “Quem garante”.





PARCEIROS


Nas cadeiras, TAMÍRIS LANA MOREALE, pesquisadora e produtora da peça “Quem Garante?” , ALOÍSIO DO CARMO ELÓI, coordenador e ator na montagem de “Quem garante?” e JEANNE BOTELHO, diretora da montagem em 2018 e parceira da cia. em momentos importantes. Em pé, FABRÍCIO MARQUES, HELENIARA A. MOURA E RODRIGO BARBOSA TEIXEIRA, coordenadores e atores na montagem de “Quem garante?” e “Sabatina”.






ESPETÁCULOS



QUINTANA NA QUINTA


Foi uma montagem em forma de recital cênico-poético, apresentado durante a Semana de Ciência e Tecnologia de 2016 do IFMG Campus Ouro Branco e que se constituía em um conjunto selecionado de poemas do poeta Mário Quintana. Este projeto foi o pioneiro na ação da companhia, com um cenário decorado de origamis, recortes e barcos de papel e as personagens representadas pelos integrantes do grupo (os quais proclamavam as poesias) utilizavam figurinos que caracterizavam a escrita leve e delicada de Quintana.





SABATINA


Em 2016, a Insuportável Cia. de Arte consolidou uma importante parceria com a Insólita Casa de Artes através de uma oficina-montagem que culminou na apresentação da peça Sabatina, de Ildeu Ferreira, em dezembro de 2016, contando nas datas de 08 a 11 do referido mês com um público de mais de 200 pessoas da cidade e região. A peça foi reapresentada em fevereiro de 2017, contando novamente com casa cheia. Sabatina narra a história de Moritz que, desviado do caminho do trabalho para a casa por um forte nevoeiro, volta a sua antiga escola, ao educandário Santo Hilário. Ali ele reencontra velhos conhecidos: colegas, professores e diretor. Para seu espanto, todos estão mortos, inclusive ele mesmo. Seria um pesadelo ou devaneio? O ambiente da peça se move num estranho mundo onde o personagem revive as “torturas” das aulas, do convívio com os colegas e mestres e das sabatinas. A peça é uma adaptação livre a partir dos textos “A Lição” – de Eugène Ionesco, “Aurora da minha vida” – de Naum Alves de Souza, “O despertar da primavera” – de Frank Wedekind, “Apareceu a Margarida” – de Roberto Athayde, “Sandman”- de Neil Gaimon e “O concílio do Amor” – de Óscar Panizza. Sua montagem foi muito importante para todos os professores e estudantes envolvidos, porque foi para todos nós da Insuportável Cia. de Teatro a entrada no mundo das artes cênicas.







Em 2017, os processos nos levaram a montagens de esquetes teatrais em escolas públicas da cidade de Ouro Branco nos meses de outubro. Entre as escolas contempladas com as apresentações estão o próprio Instituto Federal de Minas Gerais / Campus Ouro Branco (pais, alunos e servidores), o Colégio Municipal Pio XII, a Escola Estadual Iracema de Almeida e a Escola Estadual Cônego Luiz Vieira (estudantes e professores), alcançando cerca de 300 espectadores.

Os dois esquetes teatrais apresentados, de autoria coletiva do grupo, intitulam-se A ceia sã e Casa de papel, bonecas de pano e abordam temas como sexualidade, abuso de drogas, violência doméstica, entre outros assuntos presentes na vida de jovens e adolescentes. Através desses textos, a cia. constituiu importante parceria com o NAEE (Núcleo de Apoio ao Educando e ao Educador) dentro do IFMG (Campus Ouro Branco) e pôde ser acompanhada pela psicóloga Patrícia Dias e pela enfermeira Thaís Periard que estiveram com o grupo em todas as apresentações, participando ativamente das rodas de conversas que se seguiam a cada esquete, não apenas respondendo a dúvidas de adolescentes, como também elucidando pontos importantes abordados pelos textos teatrais.




A CEIA SÃ


O esquete A ceia sã; reproduziu em seu cenário uma mesa de jantar na qual se sentam como personagens membros de uma família completamente inserida em um caos: o pai alcóolatra, a mãe dependente de medicamentos e tabaco, os filhos perdidos em depressão, ansiedade, drogas lícitas e ilícitas, e uma criança emocionalmente abandonada. Para piorar o quadro, parentes intriguistas e um casal de visitas bastante crítico acentuam ainda mais a situação problemática da cena. A mãe, perdida entre as atribulações da casa, tenta desfazer os nós da existência de todos, entretanto, encontra-se em um caminho sem volta e abre-se ao público para uma última conversa. Engraçado e intenso, o esquete discutiu a imagem decadente da família tradicional que tenta empurrar para baixo do tapete suas mazelas, fazendo sofrer filhos e pais no processo doloroso do abuso de drogas e outros vícios





CASA DE PAPEL, BONECAS DE PANO


Casa de papel, bonecas de pano abordou a sexualidade em diversos ângulos, desde a visão intimista que envolve o diálogo sobre sexo numa relaçã o entre pais e filhos a problemas de ordem nacional como a agressão contra a mulher e questões urgentes de saúde pública como a gravidez na adolescência e a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis, as chamadas DSTs. Nessa cena, também uma família se vê às voltas com um problema que, em princípio, configura-se como a possibilidade de uma gravidez na adolescência. Em diálogos contundentes, uma adolescente é assolada pelos problemas advindos do sexo sem proteção, temendo uma gravidez não planejada. Contudo, as suspeitas da jovem não se confirmam e a cena caminha para um desfecho real e surpreendente.






UNIF 2017


Ainda em 2017, a Insuportável Cia. de Teatro apresenta cenas num evento de Direitos Humanos do IFMG CAMPUS OURO BRANCO. A apresentação foi assim descrita no periódico do evento: "Abrangendo os temas da UNIF 2017 e fazendo questionamentos sobre os assuntos abordados de maneira direta e chocante. Com os temas sobre trabalho infantil na África, os Limites da Engenharia Genética em Seres Humanos e a Mutilação Genital Feminina, a Insuportável encenou um teatro muito impactante e desconfortável para quem assistia. Utilizando de placas com questionamentos como “a lei de um país pode frear a ciência?” e “a ciência tem direito de intervir na lei de civis?”, abordou perguntas essenciais para a discussão sobre os Limites da Engenharia Genética em Humanos. Outros cartazes trazendo informações sobre a África nos faz questionar o fato de, apesar de ser um país muito rico em recursos é, ao mesmo tempo, o continente com os piores IDH’s do mundo, cartazes como “África, um continente de riqueza” mostra essa contradição entre a situação da África e sua disponibilidade de recursos. Em um certo momento, muito chocante, garotas ensanguentadas aparecem sobre o palco com o intuito de mostrar a violação cometida às meninas no continente africano, placas que mostram complicações decorrente da mutilação genital feminina como hemorragias, infertilidade e infecção. Em outro momento, são mostradas pessoas em suas vidas individualistas focados em redes sociais, porém, em certo momento, um terrorista aparece e em um último grito de “allahu akbar”, explode todos, e mostra que perante a situações de desigualdade, que são os berços da violência, as pessoas preferem ignorar a situação dos terceiros."






MONEY


Para o Congresso de Desenvolvimento Regional realizado em IFMG Campus Congonhas/MG, a Insuportável Cia. de Teatro preparou uma apresentação que trouxe à cena um olhar sobre o trabalho dentro do processo social. Qual seu real valor para o desenvolvimento regional? Numa perspectiva crítica da relação Trabalho versus Dinheiro, o grupo fez uma ampla leitura das relações que permeiam a atividade do trabalho nos mais diversos setores. Nesse universo, o grande capitalista, cercado da confortável situação de que goza, é resguardado pela justiça, vangloriado pela religião e protegido pela força policial. O capital é personificado pelo burguês que traz acorrentado a si o homem comum, cego pelo futebol, seguindo seu dono por onde quer que ele vá. Numa engrenagem que acorrenta ricos e pobres, oprimidos e opressores, a exploração arrebenta a alma de uma trabalhadora e a miséria ganha braços e pernas no corpo de um mendigo, por muitos, considerado a escória social. Nesse comboio de correntes, todos os personagens assumem os papéis uns dos outros e experimentam por segundos as dores e deleites de ser o outro. Ao som de Money de Pink Floyd, acordes de guitarras ditam o ritmo enlouquecido, de uma sociedade decrépita e movida exclusivamente pelo dinheiro. A partir dos jogos teatrais de Augusto Boal, com esta performance, a Insuportável vem perguntar a todos aqui presentes: qual é o valor do trabalho? Quanto vale a vida? Vale quanto pesa? Que país é este que deixa metade de seus trabalhadores com uma renda menor que o salário mínimo? Deixamos a pergunta no ar, a contagem do dinheiro nunca tarda e a engrenagem torna a começar...






SIDERAÇÕES


O recital-poético Siderações, mais uma composição coletiva da Insuportável Cia. de Teatral, foi uma das montagens mais complexas realizadas pelo grupo. Não apenas pelo teor da matéria-prima que a compõe: a inspiração nos corpos desenhados pela dançarina Pina Bausch, na composição telúrica dos haikais compostos pelos próprios alunos em um lirismo suave e tocante, o figurino em tons fosforescentes que, sob a luz negra, iluminam corpos celestes no movimento contínuo do espaço sideral. Nesse universo, luas, sóis, asteroides, planetas e estrelas das mais diversas naturezas foram transformados em corpos cênicos pelos atores, que a eles deram cor, sentido e poesia. A primeira edição aconteceu no anfiteatro do Laboratório Ambiental do Projeto Germinar, dentro do evento Astronomia no Germinar, realizado pela equipe de Ciências da Natureza do IFMG Campus Ouro Branco, em 17 de maio de 2018, no espaço Germinar da Empresa Gerdau, e contou com um público de educadores e discentes. O espetáculo buscou sensibilizar o espectador para a observação do céu e durante a apresentação, o recital poético Siderações mesclou a Canção Sentimental do compositor Heitor Villa-Lobos a sons sintetizados. O cenário foi composto por um jogo de luzes negras que fizeram brilhar os figurinos fosforescentes e brancos. Os atores movimentavam-se numa lona coberta por uma areia branca e esse conjunto de luzes e materiais possibilitou aos espectadores um jogo sensorial de sons e cores. Durante a sideração dos corpos celestes interpretados pelos atores, acontecia então o recital poético. Ao serem recitados, os versos dos haikais davam outra movimentação à cena, como se universo obedecesse a um ritmo mais lento e cada planeta representado ganhava em palavras sua dimensão poética. Ao final do espetáculo, todos os corpos celestes eram sugados pelo buraco negro, um sorvedouro que dava fim à cena de música e poesia de um universo insuportável. Como o espetáculo foi pensado para ser realizado em espaços abertos, houve no espaço da estreia, a feliz coincidência dos atores apresentarem num teatro de arena, em meio a uma floresta serrana, onde a presença de sons naturais, como os barulhos do vento, das águas do lago e dos animais noturnos tornaram-se cacos teatrais que suplementaram a proposta em cena.
Elenco: Carol – Sol, Heloisa – Estrelinha, Isabela - Sírius , José – Saturno, Karen – Júpiter, Larissa - Estrela , Laura Magalhães – Acrux, Luiza – Asteróide, Maria Eduarda – Terra, Pedro – Ganimedes, Ranier – Sol, Rebeka – Urano, Tamara – Marte, Tamíres - Buraco Negro, Thaís - Estrela sobrevivente, Vinícius – Vênus. Iluminadores: Adriano e Gustavo .






LEITURA DRAMÁTICA DE “QUEM GARANTE?”


A peça em um ato Quem garante? de Lysia de Araújo foi levada à cena na EAD em 1961, sob a direção geral de Alfredo Mesquita. Composta por três vozes, também apresenta uma sugestiva sonoplastia e um vigoroso fundo musical composto pela “Tocata e Fuga em ré menor”, peça para música de órgão composta por Johan Sebastian Bach. A peça de Lysia de Araújo, digitalizada em junho de 2018 pela pesquisa “Memória em Cena Teatral”, desenvolvida no IFMG CAMPUS OURO BRANCO, é construída numa ótica do absurdo, especialmente, pela forma como tematiza o amor, a morte e o tempo. Esse espetáculo condensa o produto artístico final de um processo em que os corpos escritos dos arquivos pesquisados pelo grupo foram transformados em corpos digitais e, posteriormente, em corpos cênicos. Em 28 de setembro de 2018, foi apresentada uma leitura dramática do espetáculo a um grupo de 34 pessoas (estudantes, professores, técnicos administrativos e público externo), na sala de teatro da unidade 2 do IFMG Ouro Branco. A produção criada pelos bolsistas e estudantes apresentou havia um cenário no qual quarenta cadeiras foram disponibilizadas (numa alusão à peça “As Cadeiras” de Ionesco, representada por Lysia de Araújo. O cenário foi montado numa sala preta com o chão encoberto por galhos e folhas secas, e à meia luz de tom amarelado, sugeriu uma cena desoladora. Ao entrar, o público foi levado às cadeiras e ficava submetido àquele cenário, até o momento em que era vendado e assim permanecia durante toda a peça. Destarte, os espectadores viram-se mergulhados no drama em três vozes e envoltos em sensações e ruídos sugestivos. A produção do espetáculo, à época, em andamento, voltava-se para a exploração ainda mais aprimorada das potencialidades sensoriais da peça. A estreia do espetáculo foi o segundo semestre de 2019.






"QUEM GARANTE?" DE LYSIA DE ARAÚJO


Mesmo diante do árduo processo vivido em 2018, trabalho de (re) criação do espetáculo “Quem garante?” de M. Lysia de Araújo persistiu e com uma roupagem nova: buscou em sua montagem teatral atender a demandas de preparação que fossem específicas para pessoas com deficiência visual. O mês de setembro de 2019 foi decisivo para finalização da peça, especialmente, porque a base sonora da montagem era muito sensível, a incidência de qualquer barulho ou movimento cênico inesperado poderia modificar a história da peça, mudar a nuance do enredo de conteúdo complexo e denso. Uma das vozes perde-se em negativas: nada, não, mau tempo, ninguém... A outra voz, apenas pergunta, questiona também sobre tempo, amor, sobre outra voz que virá. Ao final, no frio existencial da solidão, as personagens clamam à terceira voz que as aqueçam e ela então os cobre com amor, que não basta o suficiente e logo acaba. Na ânsia de mais amor, no desejo das vozes que passam a desesperar-se, a peça termina em questionamentos e desemboca no mesmo vazio existencial. Nenhum dos questionamentos é respondido, todo laço de ações da peça não apresenta nexo. O tom é melancólico e perdido... Há lembranças da infância, corridas de meninos entre os espectadores, risos, gritos, sinos, barulhos de água. A partir dessa sonoplastia, curiosas foram as observações e reações dos espectadores. Uns disseram ter ficado amedrontados com os sussurros, o cheiro de incenso. Em outros, as ações despertaram risos, alguns se tocaram, buscando braços e mãos de acompanhantes. Antes do início da peça, já se compunha um quadro vivo o qual permitia a plateia tocar os atores e o cenário. Essa construção tátil também foi importante para a elaboração individual de cada espectador sobre a cena, o espaço, os personagens. Um enredo que se construía em forma e conteúdo. Depois de esse tocar/caminhar dos espectadores pelos Quadros Vivos, dava-se início à peça, construída num processo coletivo. A partir disso, um texto coletivo ganhou vida durante o trabalho de pesquisa e montagem, construído por observações diversas: profissionais de teatro, estudantes, espectadores cegos ou com limitação visual, professores. Esse processo ampliou o diálogo entre os atores e a sociedade. O resultado da apresentação pôde ser analisado junto aos espectadores da Fundação Olhos D’Alma após a estreia em 02 de outubro de 2019, quando foi realizada uma roda de conversa com os presentes. Durante a roda de conversa posterior à apresentação de 02 de outubro de 2019, os deficientes visuais descreveram a montagem como uma experiência única, um chegou a afirmar que na audiodescrição alguém contava como era a peça para ele, já ao assistir "Quem garante?", ele teve autonomia em assistir a partir de suas próprias sensações: audição, cheiro e tato. Alguns deles nunca haviam presenciado uma peça de teatro, outros tiveram experiências com a audiodescrição e outros foram a peças em que não puderam apreender os processos. Disseram que, com “Quem garante?”, havia sido diferente. Haviam experimentado uma interação com as personagens e com o texto desenvolvido no cenário ouvido e sentido.



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Após a pandemia de COVID-19, a Insuportável cia. de Teatro iniciará uma pesquisa em teatro libertário, embralhando anarquia e psicologia evolucionista. Quer fazer parte desse carteado? Aguarde...


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